terça-feira, 14 de setembro de 2010

Insustentavelmente longo

Os olhos se cruzaram no saguão lotado; o brilho da atração já estava lá. Conversaram, riram, dançaram, dividiram um drinque e compartilharam um beijo. Sem demora, um dos dois pergunta: "na sua casa ou na minha?". Nenhum deles queria um relacionamento sério, ou sequer um relacionamento, mas gostavam do perigo daquele encontro casual poder se transformar em algo de uma semana, um mês ou até um ano. Não mais que isso.

Na manhã seguinte, ela acordou lembrando que não havia conseguido um orgasmo. Saiu sem sapatos para que ele não acordasse. Enquanto deixava o apartamento pequeno no subúrbio, já pensava na conversa com as amigas mais tarde; contaria como ele lhe oferecera um vinho barato e de sua conversa medíocre, e mesmo que tivesse aquela expressão de homem que não traí, jamais poderiam ser compatíveis: ele era de gêmeos.

Ele ouviu ela bater a porta ao sair, e riu, nem havia percebido que estava acordado há tempos. Graças a Deus, não aguentaria mais um minuto com aquela mulher frígida que falava sem parar, até durante o sexo. Sentiu a cabeça doer apenas por se lembrar. Ela era bonita, sim, mas ele era supesticioso. Não tinha sorte no amor. Nenhuma. Então, era melhor fugir de relacionamentos enquanto podia, pelo menos durante uma semana, um mês ou até um ano.


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