segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Sem Farsas, sem esperanças

Sou Ana, sou Amélia, sou Gabriela. E como sempre vou falar de amor e inventar mentirinhas sobre mim em outro texto confessional. Ou não tanto. Quero falar pouco, falar baixo e falar para dentro. Falar para dentro porque é isso que fazemos, falar para nos mesmos e contar histórinhas, mentirinhas. É tudo muita literatura. Pois Ana, tantas vezes escrita, com cara de anagrama, voltada para sí mesma, inventa e cria todas as histórias e todos os motivos para se amar. Aquela música daquele beijo, aquela frase e aquele porquê que nunca existiu. Amélia, como todo boa Amélia, morre de amores e acredita em todas as palavras de Ana. Ana é artista. Pinta o quadro de cores primárias, escreve a novela de beijo sabor jujuba e conta casos de Jane Austin. Amélia, perdida dentro de si e dentro de Ana, acredita em todos esses amores e todas essas histórias, que são histórias vividas, histórias sentidas, mas histórias feitas para parecerem mais bonitas do que realmente são. Não sei que tipo de texto é esse, nem sei quem o escreve. Gabriela anda no meio disso tudo. O ruim é quando se enxerga a farsa que Ana, Amélia e Gabriela são.

Agradeço a Isadora Alves e sua narrativa de um dia por minhas motivações: http://beautyandblove.blogspot.com/2012/02/sem-falsas-esperancas.html

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Segredos alinhados

Eu perco o chão
Eu não acho as palavras
Eu ando tão triste
Eu ando pela sala
Metade -   Adriana Calcanhoto

-Você sabe que eu não sei escrever diálogos e já estou enjoada de escrever esses textos de amor.

-Então porque faz isso?

-Porque só sei falar do mesmo.. Não, não! Reticências eu não uso. Porque só sei falar do mesmo e tenho que tentar falar do mesmo de outras formas.

-Aliais, o que faz aqui no meu monólogo?

-Não era um diálogo?

-Não, é um monólogo sobre o que eu penso sobre você, sobre o amor, sobre clichê e sobre reticências. Nada muito novo.

-Então ficarei calado.

-Pois bem. *Cof, cof* Sabe, quando você segura meu cabelo e eu me derreto toda em amor, sabe? Mas na mesma hora você não responde uma pergunta ou todo o mundo parece mais interessante que eu? Sabe, sabe? Responde, para de olhar assim!

-Não era para eu ficar calado?

-Isso já deu errado muito tempo. Pois bem, nessas horas que meu coração vai se esmigalhando entre te amar e em viver das migalhas que me dá. Penso que quando nos casarmos e tenhamos nsosos filhos, eu não estarei me perguntando porque eu insisto em eme magoar para receber apenas suas migalhas? Você só me olha assim, como se eu falasse em alemão e sofresse de histeria.

-Não sei mesmo. Acho que toda essa migalha e todo esse amor são exatamentes o esteriótipo de mulher que você escreve em seus textos.

-Eu sei disso. Eu que estou escrevendo. Eu que escrevo você.

-Então se sabe desse clichê, desse amor, das reticências. Por que teima em recriminá-los se é tão necessário para que se sinta tão você?

-Porque eu sei que posso usar reticências da maneira certa. Podia me encher delas. Aqui ... ... ... ... ... ... ... Milhões delas para você. Eu e você somos o que eu escrevo. E aqui, onde posso usar todas as reticências e fazer o que eu quero, eu escolho. Escolho que sofrer por amor é o meu luxo.