quarta-feira, 30 de junho de 2010

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Desenredo

Escolheu beber café puro. Desejava que a vida parecesse menos amarga. Estava sentado entre duas poltronas vazias, parecia que haviam lhe pregado uma peça. Porém, não era homem de se incomodar com a solidão, já era afeiçoado a ela.
Bebericou um gole, um sorriso se espalhou por seu rosto com rugas. Parecia coisa da sua imaginação, mas esse café já tinha o gosto da França. Mesmo acima das nuvens já podia sentir a ansiedade de pisar no único lugar que poderia lhe trazer deleite.
Já escutava trechos de Pelléas Et Melisande ou melhor, o Bolero. Sempre preferirá Ravel em relação a Debussy, por sua arte ter sido recusada e ainda assim, ser uma das óperas mais conhecidas do mundo. Daquele jeito fúnebre com marcas de romance. Seus pés tamborilhavam ao ritmo.
E assim, no meio de tudo, ele se encontrava: velho, não tinha amante, muito menos filhos e com uma agenda de amigos que jamais ligaria para algum. E com um caminho em pleno céu. E talvez, ele pedia, algo novo acontecesse.
E aconteceu, inevitavelmente. Entretanto, este não era um homem de lamurias, com certeza, gostaria de sumir de vez. O café seria doce, pois não haveria nada. E melhor que isso, não precisaria ter a vergonha de um funeral sem ninguém.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Teimosia

Costurei meus lábios
Cortado pelo silêncio
Que se molda como água
Em corpo de símbolos dispersos
Astros no instante de touro
Não me deixam perder.