quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Hipocrisias de Freud

-Sou um ato falho de amor.

-Nem você acredita nas suas mentiras.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Coração de Eterno Flerte

Só te amei,
porque,
era tudo que eu não queria.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Trecho

[...] Amor não cabê para mim também. O amor é maior que eu. Eu estou em um exílio de mim mesmo e você, você é o exílio da minha vida. Você me mata, remenda meu sorriso. Eu esqueço meus pensamentos. Meu amor já foi igual ao seu. A verdade é que não me entendo por amor. Porque não costura meu sorriso e só? Meu coração anda Caetaneado. Você me deixa solto, me costura, me consome. A verdade é que me sinto só. Apenas só, até o amor me deixa só. Você me solta. Eu eu vou me fazendo em segredos. Você me solta, me deixa, me apaga, me some. Eu só me costuro. Costuro as migalhas de mim. Costuro as migalhas de nosso amor. Se é que um dia foi amor.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Para Outrem

Drummond, Vinícius, Cecília.
Música de amor no rádio.
E eu, clichê,
menina, menino,
poeta,
esquecidos,
Gozo, ferido.

*Texto que nasceu dos devaneios alheios de Vanny Araújo. Dedico.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Limbo

Meu amago, amago corroído
deseja
só deseja o lugar
que o sangue escorre dentro das tripas
e banha seus pés.
Deseja,
deseja poder se corroer com o ácido
de suas palavras
e se recriar em carne viva.
Meu amago, amago corroído
deseja o tiro,
o eco surdo do tiro,
o vazio do tiro
e deseja se engolir dentro de um vazio
vazio cada vez mais vazio.
Deseja,
só deseja um lugar
lugar este, Meu Deus,
que não seja condenado
por desejar beijar o asfalto.

domingo, 16 de outubro de 2011

Em baixo d'água o chá das seis

Mais cega do que poderia estar, só enxergava as bolhas, azul esverdeado do mar sobre mim e sobre todos os olhos que as bolhas das ondas poderiam ter. Provei um pouco do veneno e eu gostei, o amava, por não ter mais o que amar. Viciada em todos os venenos. Em baixo de toda aquela água com o sal que arde a pele, escuto aquilo premeditado, deveria estar surda, era o meu corpo caindo. Estava afundando tempos antes. Eu só queria roubar tudo que os outros tem e falta em mim, mas eles tem a falta. Alguém ainda acredita. Eu só queria ser salva, agora me apaixonava pelo veneno do mar também. Havia perdido a voz. Muitas vozes. Eu só amava tudo que tudo não era. O veneno se espalhava pelo meu corpo e eu amava cada vez mais.



domingo, 9 de outubro de 2011

Zurique Tropical

Beijos de bala, melancia.
Meus amores de domingo.
Vão e vil.
Só quero o que me falta,
mas sou por demais Dadaísta.

sábado, 24 de setembro de 2011

Livro: Sangue Novo


Gostaria de publicar um agradecimento a todos que seguem, acompanham e gostam dos textos desse blog e ao mesmo divulgar o trabalho do livro Sangue Novo.

O meu objetivo com esse blog é divulgar um pouco da minha literatura e o livro Sangue Novo do Organizador José Inácio de Melo é uma coletânea de Poesias com 21 Poetas contemporâneos, me incluindo com dez textos meus. Então esse post vai para divulgar o trabalho de todos esses autores e incentivar a produção da literatura baiana e brasileira como um todo.

Aqui é o link do Blog do livro: http://sanguenovo21.blogspot.com/ 
No site há o perfil, entrevista e algumas poesias dos outros autores (incluindo seus blogs pessoais). Recomendo com carinho cada um deles.

Para adquirir o livro entre em contato com o email gabrielalvandrade@gmail.com 
O livro tem o valor de 25 reais + frete e se morar em Salvador, é só combinar posteriormente.

Agradeço a todos pela oportunidade e por lerem meus textos!

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Fissura



Minha mãe sempre dizia que meus únicos amigos eram os livros . Nem por isso fui estudioso ou fiz uma grande carreira. Minha mãe dizia que celular é o cigarro do meu tempo. Mal sabia do meu uso dos dois. Minha mãe me esperava chegar em casa de madrugada, passava as minhas camisas sociais e largava a novela para me deixar ver o jogo. Minha mãe morreu hoje de manhã. Eu estava fodendo uma prostituta. Minha mãe nem podia imaginar que eu sempre via seu rosto toda vez que gozava.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Epifania

porque toda vez fico esperando sua voz antes de dormir para saber se você lembrou que ontem eu deixei o bolo de chocolate na geladeira e dormi vendo televisão e não perguntei se você preferia primeiro jantar ou tomar banho eu não terminei o capitulo do livro para ouvir você reclamar do trabalho nas madrugadas de quinta feira e como tantas vezes me faço desaparecer para você surgir e ver se me encontra com uma notícia boa ou para dividir o bolo fico esperando um bilhete uma carta um telefonema com sua voz lembrando a mim mesma de existir e cada dia vou me espreitando em busca das migalhas de amor em sua voz rouca e em suas mãos cheia de calos sobre a minha pele procuro migalhas nesse vazio infinitas vezes infinito migalhas de vazio para que me perca vazia nesse amor de amor

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

As formigas andam por debaixo da minha pele. Jogo na sorte se a bebida é um veneno, aquilo que te tira de mim. Cada dia é um suicídio. É mais fácil eu largar meu vício no cigarro do que meu vício por você. Então, baby, desejo a nossa morte.

Beijos,

G.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Cora de rosa, Ana

Ana só comia bolo de laranja
Gostava de bola e de rosa
Gostava do cheiro do café
Gostava de anagrama, como Ana
Ana ainda acredita em príncipes
Vivia um pouco da sua vida
Vivia um pouco outras vidas
Vivia no coração dos outros
E no seu coração, apenas
Pedaços de bolo de laranja.

sábado, 16 de julho de 2011

Cantata


"Como aconteceu com um amigo de um amigo meu"
(Érika Machado)

E ela só comia um terço da maçã. Um terço para emagrecer. Seu cabelo não era à prova d'água. Molhava e enrolava. Só usava óculos em casa. Era de batom e lentes. Sempre. Como naquela música, que cantarolava baixa. Aquela de amor. Assim não se perdia dentro de si mesma. Não perdia para o amor. Ou se perdia. Não tinha erro, não tinha fardo, não tinha doce, não tinha sal. Era um pouco do Carnaval. Era um pouco só dela. Jamais me olhava no olhar. Menina, me olha um dia, entrega-me seus lábios. Ao menos nos meus sonhos.


segunda-feira, 27 de junho de 2011

Carmélia

Mil abelhas velhas picam meus joelhos.
E ajoelhada, eu rezo, para meus amores
voltarem com o seu mel.

E talvez eu durma um pouco,
ao som das velhas do Roberto.
Só músicas de saudade no rádio.

Espero.
E só espero.
Até não lembrar mais.

Os meus amores não vem.
As abelhas ainda voam.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Plástico Bolha

E não sei se passou de verdade ou se minha memória me prega peças. Só sei que tudo que eu sei começou no dia em que vi você de vestido florido, batom borrado na boca e sapatos maiores que os pés. Parecia tudo meio mágico. E eu só escutava os plec, plac, das bolhas se estourando nos meus dedos. Sussurrou algo para minha mãe e saiu como veio. E acho que Mamãe não te escutou, estava preocupada demais com a geladeira nova na cozinha. Nem eu te escutei ou te dei atenção. Só buscava à ultima bolha daquele cobertor de plástico sobre as minhas pernas.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Amor

-Miminha, os ratos te deixam dormir a noite?
-De que ratos fala? Não tem rato nenhum aqui em casa.
-Os ratos no quarto da mamãe! Eles batem na cama e na parede, mordem ela, mamãe geme de dor. Não consigo dormir com tanto barulho!
-Não, Dudu, seu bobo! Aquilo no quarto da mamãe não é rato. Aquilo é amor.
-Amor?
-Sim, amor!
-Então porque o amor vai embora quando papai volta?

sábado, 14 de maio de 2011

João amava Teresa

Mas amava também amélia, daniela, maria, alice, raissa, manoela, giovana e tantas outras. Tereza sabia dividir o amor de João. E ao se juntar na quadrilha, dançava com todos, não era de João, jamais seria de alguém. E também na quadrilha, João se enciumava por Tereza não ser sua, ou não tanto quanto gostaria que fosse como todas as outras eram. As palavras que Drummond um dia disse, Tereza as sentia na pele, João partiu para terras distantes, e as tantas outras foram para o convento, morreram de desastre, casaram-se. Só ela, Tereza, que escapara do fim fatídico que a literatura lhe destinava. Então desejou ter pelo menos ter uma vida com final de filme.

domingo, 1 de maio de 2011

E como um anjo pendeu

Um mundo de gente iria olhar para mim com pena e querer me abraçar e beijar e tocar em mim com mais pena ainda. Só queria ficar quieta e encolhida, chorar e gritar exatamente como fiz no chuveiro, esmurrando os azulejos e dobrando o corpo sem força como se ele fosse escorrer pelo ralo. Parecia possível possível escorrer tudo de mim e ao olhar dentro só havia aquilo, aquela dor, aquela queda infinita e continua para dentro de mim, sem gravidade, sem nada, só aquele vácuo sufocante. Minha dor transbordava em meus olhos vermelhos de choro e sono. Meus olhos vermelhos procurando por pelo menos um pedaço do que poderia ser eu. Mas já havia me perdido na queda.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Os pés tortos de Deus

Andava de óculos, circulava pelo mundo. Meus joelhos deram nós. A terra descamava tudo que ainda tinha para me cobrir. Olhos me seguiam hora à hora. Era gramado, asfalto, barro. Eram todos os caminhos e todos os olhos. E eu me preocupava em ver aquele reflexo em ângulo obtuso, um fio de cabelo no meio da comida, os borrões de todos os movimentos à minha volta. Nada tão grande, nada tão novo. E as vezes perguntava a Deus se ele me escutava. Mas perguntar a Deus é apenas uma retórica. Vou imaginando filmes, livros, fotos, músicas que eu gostaria de ter feito e não vou fazer. Não por ser medíocre. Olhar o mundo já ocupava tempo demais. E eu me deixava passar. E me passando pela vida, ceguei. Deus comeu os meus olhos e vomitou a magoa do mundo.

domingo, 27 de março de 2011

Céu

Cortei as asas
Escolhi não voar
Sou cor, sabor e textura
Só caminho sob as estrelas.

domingo, 20 de março de 2011

Tanto fez, Tanto faz

Sempre acreditei em tudo que os adultos me diziam. Já era nariguda, com sardas, cabelo crespo e pernas finas. E tão asmática, que disseram que eu não chegaria aos doze anos. O tempo foi passando, minha vida adiada aos poucos, esperava os grandes dias que ainda iriam acontecer. Amanhã? Próxima semana? Ano que vem? Mas todos aqueles filmes da Disney me ensinaram a ser perfeitinha, daquelas que acredita em amor, mãe, filha, esposa, etc, etc. Poderia ser uma das mais bonitas da escola, mas isso não aconteceu e eu nunca fiz questão. E sendo brasileira, não desisti de primeira ou segunda, poderia ter cortado os pulsos ou me jogado do quinto andar. Ia virar notícia de televisão. Cresci cheia de feridas, algumas que nunca cicatrizam, mas isso é ser adulta, madura, pronta para tudo que nem se sabe. E tola de acreditar em tantos Contos de Fadas. Não tenho minha casa amarela com jardim, jantares á luz de vela ou crianças de bochechas rosas. Meus sonhos aos 22 não existiam mais, e agora tinha 30 com um emprego de quinta, sem sequer pensar em uma carreira. Mas amargura é bobagem, é o jogo de cintura da vida, ou se acostuma ou se acabar em bar em bar. Beber um pouco de vodka às sextas, fumar um maço de cigarro por semana, usar um sapato da moda, é suficiente. Final de novela, uma música de amor na tevê, já é o suficiente. Não preciso das epifanias de Clarisse, não nasci para ser poéta, nem me iludir com a vida. E tem aquele namorado, meio feinho, meio bonitinho, para agradar os pais, dar aquela foda ás quintas de noite e fingir que não sou solitária aos sábados. E de vez em quando, em dias de chuva, sonho com um amor verdadeiro, daqueles de sorrir sem motivo, para o dia de amanhã ser melhor. É o maior dos meus pensamentos, o máximo que eu consigo imaginar, não tem muito para frente, não tem nada para agora.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Promessa de Junho

Quanto mais eu desejo sua felicidade, mas egoísta me torno. A minha pele é crua. Meu anelar está vazio. Nossas juras escorreram dos meus dedos. E terminou por minhas pequenas mentiras, minha mudança de humor, o meu sorriso falso. Ainda não sei dizer. Minhas mãos estão vazias sem você. Minha pele arde em sua falta. A imagem da porta se trancando vai e volta no mar da minha mente, e as ondas se tornam dias iguais.
E eu imploro, sem voz, mais um dia. Minha pele se tornaria quente junto a sua. Não ouso perguntar. Seus olhos já entregam que isso não é real. Não mais. E ainda assim, desejo que fique, eu sempre desejei. E em você, eu sinto o suja dos meus sonhos. Por isso não está mais aqui. Sei, se meus sonhos fossem reais, outra pessoa estaria chorando. O caminho a sua porta é surdo, mudo e cego.
Ainda quero ser aquela que te salvaria, a de quem todos precisariam, mas tentei demais. E só tentei. Então, desejar a própria felicida não é egoísta. Ou é. Tempos em tempos, ainda estamos juntos. Nossas peles se tornam uma. E quando minhas lágrimas secam, ela começa a chorar. O chão sobre os nosso pés está sujo demais.
E começo a desejar a sua felicidade, quer seja a minha, quer seja a dela. E me torno ainda mais egoísta. Você nunca me prendeu. Não era preciso. Estou presa a meu próprio amor, a minha própria pele. Nem todos os desejos se tornam reais. Os dias passam, aprendo sobre ser gentil, e quero tocar sua pele mais uma vez. Só mais uma. Pois agora, sua pele que estará crua.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Gravidade Zero

A estrada, eu percorro com os pés descalços
Estou aqui hoje
E deixo tudo amanhã
Minhas memórias vagam
As lágrimas diluíram minhas lembranças

Talvez, amanhã pela manhã
A chuva tingirá minhas roupas
E o sereno cobrira mais um dia
Ecoa os chamados do meu nome
Não consigo achar meu caminho para casa

Alguém cantara a sobre o sol para a lua
Mesmo com meus pés em brasa
A estrada me força continuar
A gravidade age sobre meu corpo
E me perco no caminho.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Mal entendido

Meu amor é de plástico. As vezes eu me recordo, vem uma nostalgia no peito. As vezes passa como se nunca tivesse existido. São muitos amores. Aqueles para os dias de chuva, outros para as estações quentes, ou para casar, ou de uma noite só, ou o platônico ou tão real que não parece amor. Infinitos amores. E eu vou me preenchendo com todos. Me preenchendo de amor e me esvaziando de mim. Ao ponto de deixar de existir para ser amor, e não ver que na verdade não tenho amor nenhum. E me torno tão falsa e suja, que quando beijam minha boca, o gosto da realidade me atinge e só engulo nas minhas entranhas a vontade de ser amada. Ou de conseguir amar.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Sobre inícios e fins

As ondas que quase encostavam nos meus pés. A brincadeira era não deixar. Bem, era tão pequena, acreditava poder pegar os céus com minhas mãos pequenas. Agarrar sua infinitude. Nessa mesma época, os garotos vizinhos eram meus melhores amigos e no Verão, andavamos descalços na porta de casa. Até o tempo que só consegui enxergar o telhado da minha casa. Todos somem, e digo que ficarei bem. Eu acredito que ficarei bem, mesmo sozinha. Minha história se torna atravessada. Minhas palavras se tornam atravessadas. Queria por a culpa em outra pessoa. Doí demais. E eu odeio.

O mistério depois das chuvas de Janeiro, eu deixo para qualquer gênio. Tiro tudo da minha cabeça e convido todos para comer meus biscoitos feito em casa. Não há tintas, nem pincéis, nem telas. Sou apenas capaz de chorar quando fico triste. Ou quando tudo em volta fica melancólico. O Outono vem. É Inverno outra vez. Já se passou mais um ano. Muda. Minha história não acaba e eu só posso forçar um sorriso. É covardia demais. E eu odeio.

Durante a Primavera sempre pedi o céus a mesma coisa. Quase um mantra. Desejei sufocá-los. Desejei depender deles. E depois, desejei deixar a todos, antes que me deixassem. Sempre soube, as pessoas amadas e os meus dias favoritos iriam desaparecer. O destino é tão cruel. Eu me agarro a você e as minhas lembranças suas. Tento te seguir, mesmo sabendo que você levantaria sua voz com raiva para mim. Só nós podemos preencher esse vazio. Mas eu já estou presa aqui, minhas pernas não tem mais força para andar. São erros demais. E eu odeio.

Dor. Covardia. Erros. Eu odeio tudo isso.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Café da Manhã

Ela era um dia diferente desses que eu costumo viver. O café quase frio misturado com o leite em pó, os gimbas de cigarro sobre a mesa, o dela de filtro branco e o meu amarelo, o jornal como um Muro de Berlim entre nos. O sol quente de Dezembro entrava no apartamento de dois cômodos junto com o barulho do trânsito do centro da cidade. Ela me disse que parecia uma despedida. Eu concordei. Ela pensava no casamento e eu no futebol. Ela pensava na alegria e eu no feriado. Era o final da manhã de domingo. Ela vestiu minha camisa favorita azul e saiu. Algo renascia. Não em mim. E pela janela eu a vi sair em ziguezague pelos carros. Mais radiante que o sol. Ele estava lá, e eu, já esquecido, apodrecia aos poucos.