Eu perco o chão
Eu não acho as palavras
Eu ando tão triste
Eu ando pela sala
Eu não acho as palavras
Eu ando tão triste
Eu ando pela sala
Metade - Adriana Calcanhoto
-Você sabe que eu não sei escrever diálogos e já estou enjoada de escrever esses textos de amor.
-Então porque faz isso?
-Porque só sei falar do mesmo.. Não, não! Reticências eu não uso. Porque só sei falar do mesmo e tenho que tentar falar do mesmo de outras formas.
-Aliais, o que faz aqui no meu monólogo?
-Não era um diálogo?
-Não, é um monólogo sobre o que eu penso sobre você, sobre o amor, sobre clichê e sobre reticências. Nada muito novo.
-Então ficarei calado.
-Pois bem. *Cof, cof* Sabe, quando você segura meu cabelo e eu me derreto toda em amor, sabe? Mas na mesma hora você não responde uma pergunta ou todo o mundo parece mais interessante que eu? Sabe, sabe? Responde, para de olhar assim!
-Não era para eu ficar calado?
-Isso já deu errado muito tempo. Pois bem, nessas horas que meu coração vai se esmigalhando entre te amar e em viver das migalhas que me dá. Penso que quando nos casarmos e tenhamos nsosos filhos, eu não estarei me perguntando porque eu insisto em eme magoar para receber apenas suas migalhas? Você só me olha assim, como se eu falasse em alemão e sofresse de histeria.
-Não sei mesmo. Acho que toda essa migalha e todo esse amor são exatamentes o esteriótipo de mulher que você escreve em seus textos.
-Eu sei disso. Eu que estou escrevendo. Eu que escrevo você.
-Então se sabe desse clichê, desse amor, das reticências. Por que teima em recriminá-los se é tão necessário para que se sinta tão você?
-Porque eu sei que posso usar reticências da maneira certa. Podia me encher delas. Aqui ... ... ... ... ... ... ... Milhões delas para você. Eu e você somos o que eu escrevo. E aqui, onde posso usar todas as reticências e fazer o que eu quero, eu escolho. Escolho que sofrer por amor é o meu luxo.
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