domingo, 8 de janeiro de 2012

Pastiche

Eu deveria tentar escrever com palavras rebuscadas ou significados ocultos, mas me ponho assim, exposta, crua e aberta. Ai tento alguma técnica pós-moderna de metalinguagem ou autoficção. Ou talvez essa seja a técnica mais antiga. Todas fórmulas prontas e repetidas como milhões de textos repetidos em milhões de filmes repetidos e com milhões de finais repetidos. E vou me fazendo assim, de repetições, cópias e pastiches. Não gosta de pastiche? Não gosta de se pensar como cópia? E Aquele velho diálogo platônico sobre simulacro? Simulacro de nós mesmos. E vou me achando dentro de letras e teorias para tentar justificar que eu realmente posso ser algum tipo de artista, ter algum tipo de escrita, ou poesia, ou ideia. E esse texto vai se tornando cada vez mais confessional, e só o fato de declará-lo como confessional, faz com que eu tenha conciência de alguma teoria literária. Não, não faz. Não sou escritora, não vivo a paisana da vida, não tenho grandes verdades ou grandes percepções. Não sou nada daquilo que a arte se propõe. Não sou a ruptura, não sou a transgressão. Certo, Platão? Sou só cópia. Cópia de cópia de cópia é alguma arte? É arte em cima de arte? E essa é a parte que eu mais odeio, quando eu nem sei se sou mais escritora, se sou apenas leitora, ou se sou só armargurada. Só sei que deixei, deixei tudo e fui guardando essas palavras dentro de um vidro. São palavras embaraçadas em nós tão atados que não desatam quando eu quero apenas cortá-los de mim, do que sou e ser novamente livre. Essa sou eu, um passo de desistir das letras. Vou voltar para minhas pinturas.

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