domingo, 1 de maio de 2011

E como um anjo pendeu

Um mundo de gente iria olhar para mim com pena e querer me abraçar e beijar e tocar em mim com mais pena ainda. Só queria ficar quieta e encolhida, chorar e gritar exatamente como fiz no chuveiro, esmurrando os azulejos e dobrando o corpo sem força como se ele fosse escorrer pelo ralo. Parecia possível possível escorrer tudo de mim e ao olhar dentro só havia aquilo, aquela dor, aquela queda infinita e continua para dentro de mim, sem gravidade, sem nada, só aquele vácuo sufocante. Minha dor transbordava em meus olhos vermelhos de choro e sono. Meus olhos vermelhos procurando por pelo menos um pedaço do que poderia ser eu. Mas já havia me perdido na queda.

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