domingo, 20 de março de 2011

Tanto fez, Tanto faz

Sempre acreditei em tudo que os adultos me diziam. Já era nariguda, com sardas, cabelo crespo e pernas finas. E tão asmática, que disseram que eu não chegaria aos doze anos. O tempo foi passando, minha vida adiada aos poucos, esperava os grandes dias que ainda iriam acontecer. Amanhã? Próxima semana? Ano que vem? Mas todos aqueles filmes da Disney me ensinaram a ser perfeitinha, daquelas que acredita em amor, mãe, filha, esposa, etc, etc. Poderia ser uma das mais bonitas da escola, mas isso não aconteceu e eu nunca fiz questão. E sendo brasileira, não desisti de primeira ou segunda, poderia ter cortado os pulsos ou me jogado do quinto andar. Ia virar notícia de televisão. Cresci cheia de feridas, algumas que nunca cicatrizam, mas isso é ser adulta, madura, pronta para tudo que nem se sabe. E tola de acreditar em tantos Contos de Fadas. Não tenho minha casa amarela com jardim, jantares á luz de vela ou crianças de bochechas rosas. Meus sonhos aos 22 não existiam mais, e agora tinha 30 com um emprego de quinta, sem sequer pensar em uma carreira. Mas amargura é bobagem, é o jogo de cintura da vida, ou se acostuma ou se acabar em bar em bar. Beber um pouco de vodka às sextas, fumar um maço de cigarro por semana, usar um sapato da moda, é suficiente. Final de novela, uma música de amor na tevê, já é o suficiente. Não preciso das epifanias de Clarisse, não nasci para ser poéta, nem me iludir com a vida. E tem aquele namorado, meio feinho, meio bonitinho, para agradar os pais, dar aquela foda ás quintas de noite e fingir que não sou solitária aos sábados. E de vez em quando, em dias de chuva, sonho com um amor verdadeiro, daqueles de sorrir sem motivo, para o dia de amanhã ser melhor. É o maior dos meus pensamentos, o máximo que eu consigo imaginar, não tem muito para frente, não tem nada para agora.

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