quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Três Marias

Leão
A moça, mocinha. Agora miúda, mal tinha saído do seu milésimo de eternidade do universo. Ela, pequena, se veste em fantasias, daquelas clássicas que os pais contam na hora de dormir, se é que contavam. Se roupava em sonhos, vendidos em feiras, em vitrines brilhantes, coloridos em rosa, azul e branco.
Era até sagaz, a menina, mas já estava presa, tecida na roca de tear da Bela Adormecida. Enfeitada em pérolas, príncipes, em para sempre. E de lábios lívidos e puros, sem entender já especulava sobre o beijo. Esperava o perfeito.
E continuou naquele mesmo lugar, acima das nuvens. E via mais, via estrelas.
Aquário
Balançava-se em astros de Vênus, Marte e Júpiter. Queria a Lua, o sol lhe roubava foco e suspiros. Perdia-se de bocas em bocas, escolhia algumas, desejava outras. Experimentava futuros reis, como também sapos.
É moça, talvez não sinhá, com face de romântica. Buscava os amores, sempre eles, aqueles que arrebatam e preenchem, mesmo que continuasse vazia. Já vivera poucos, o primeiro, um talvez segundo. Sempre em busca do próximo, desejando que o último não fosse realmente o fim. Só queria o único.
E se refletia em contos de fadas, meio em filmes, até mudos, desenhos, livros dos mais medíocres ou até como Julieta. Era broto de flor. Era apaixonada. Era.
Virgem
Cobre o leito com a colcha cheia de utopias. Amarra em signos de água e terra. O está romance morto.
Os dias se arrastam em mormaço do céu nublado. O calor subia, espalhava a frustração em cômodos da casa. Sem barulho.
A mulher de Lua em Câncer, mais moça do que nunca. Ainda sobrara a princesa, vestida em memórias do sabor do leite com chocolate. Só descia amargo.
O rei no laço do seu anelar dorme, sai e deixa o vazio cada vez mais vazio. E na ausência, ela se consome no eco, some em si. Não havia príncipe. Até havia amor, o platônico não.
Partida em cacos, ainda espera em erro. Espera pelo que não virá e assim, escorre por seus dedos.

Um comentário: