segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Café da Manhã

Ela era um dia diferente desses que eu costumo viver. O café quase frio misturado com o leite em pó, os gimbas de cigarro sobre a mesa, o dela de filtro branco e o meu amarelo, o jornal como um Muro de Berlim entre nos. O sol quente de Dezembro entrava no apartamento de dois cômodos junto com o barulho do trânsito do centro da cidade. Ela me disse que parecia uma despedida. Eu concordei. Ela pensava no casamento e eu no futebol. Ela pensava na alegria e eu no feriado. Era o final da manhã de domingo. Ela vestiu minha camisa favorita azul e saiu. Algo renascia. Não em mim. E pela janela eu a vi sair em ziguezague pelos carros. Mais radiante que o sol. Ele estava lá, e eu, já esquecido, apodrecia aos poucos.


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