domingo, 7 de novembro de 2010

Tiro na Lua

Deixei os assassinos dançando na sala e invadi o quarto sem portas da tua mente. Não faz sentido, mas tu nunca fizeste mesmo. Quebrei aquela janela no canto direito, antes semi aberta, e trouxe tudo que deixaste de fora dessas paredes brancas. Invadi como um câncer, o teu tumor forjado alguns anos atrás. Voltei para entrar nos armários, baús e prateleiras, alguns mais empoeirados, outros não. Tu me deste esse direito, mesmo em frente ao arrependimento, já é tarde. E depois de rever os portas retratos, as cartas com mais de mil perfumes, cadernos e livros, pego aquela caixa de sapatos que guardaste debaixo de tua cama. Sabia, nem tu lembravas dela. Ou finges não lembrar. E todas as vezes que tu me beijaste com os olhos abertos com os pensamentos nas bebidas e cigarros da boca de tantos outros. As vezes sentia o gosto. E todas as vezes que deixastes o gozo daquelas putas e viados na sua boca, eu me afogava e apodrecia dentro de teus lábios. Dentro de tuas mentiras. Quase me matou, mas tu nunca quiseste ser criminoso. E quando eu sair do quarto, os assassinos vão parar a dança e atirar por suas paredes, esburacando tua cabeça com balas de prata. E a única coisa restante será eu, ou a memória do meu riso te torturando aos poucos. Tu sabe, sempre soubeste, que seria teu câncer.

Um comentário:

  1. Amei, simplesmente amei esse texto. De todos o que você escreveu até agora, esse é o que mais pude imaginar as cenas, o texto que mais quis traduzir em imagens. Quero desenhá-lo o mais rápido possível. (Aguarde essas férias xD)

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